sábado, 24 de abril de 2010 Tags: 0 comentários

III- LEITURA DE SÁBADO: CÂNDIDO PORTINARI

Há aqueles que esbanjam talento e utilizam mais de uma arte para comunicar ao mundo as suas ideias, seu modo de ver, entender e pensar a realidade em que vivem.
Assim foi Portinari! Da  poesia também fez linguagem para que sua imaginação criadora exprimisse as impressões, convicções e sentimentos íntimos do menino que veio de Brodósqui vencer na vida da capital paulista.
Não foi como poeta que o mundo  conheceu e admirou tanto talento, pois sua arte mais expressiva era a pintura e através dela  retratou o Brasil: 

  • em belos murais e afrescos pintou a nossa história no seu traço singular; 

COLUNA PRESTES, 1950





  • Nossa gente, em itinerante esperança de um viver com dignidade, denunciou nas suas telas!

RETIRANTES, 1958    
 Bom uso fez de tanto talento! Pois se Candinho pintou estrelas no céu da igreja de sua terra natal mais pintou brasilidade em aquarelas reais expondo as belezas e também as misérias que se escondem na pátria gentil e amada.
  
Na  poesia, revelou um pouco de si, quando, em 1961, a 06 de novembro escreveu um ensaio de oração para Denise, a neta por quem era caidinho de amores:

"Senhor, Tua branca espada não deixará
que penetrem em meu pequeno coração:
o egoísmo, a desconfiança e os males...

A luz refletida de Tuas coisas
me iluminará na estrada real
distanciando-me da treva
ao lado dos outros nas lutas.

Seja eu areia macia que não incomoda
que meu olhar atravesse o opaco
e perceba a erva de Deus
não a esmagando sob meu pés.

Dai-me muito amor.
Eu o distribuirei nas filas intermináveis.
Se esta prece ouvires forte serei
e diariamente a farei.

Meditando-a com meus atos de cada instante
Caminharei iluminada, 
sem me perder na escuridão.
Amém."

Para minha neta Denise com muita saudade e todo amor do vovô Candinho.

Lindo! Sensibilidade para perceber o amor de Deus como essencial a qualquer vida humana! Talento para expressar uma verdade universal, crida pela maioria da população terrena ! Irrefutável, sim! 
Também nas palavras era fluente o grande pintor para exprimir a sua fé.  
  





Fé, que para Os Retirantes que o amedrontavam na infância, talvez tenha sido o lenitivo único nas longas jornadas de quem sai mundo afora sem pão, sem lar, sem cidadania;
  








Fé, que para a triste família da Criança Morta, foi esperança de possível reencontro








Fé na Paz entre os homens
Na esperança de cada dia
No amor, na igualdade, na fraternidade...




E assim acreditou:
'A condição do artista é ser um homem sensível. Não é possível que as emoções mais altas do mundo não toquem um homem normal. A injustiça humana, a miséria, as crianças famintas são um grito tão grande que não pode deixar de ser ouvido.' 
Cândido Portinari
+ Portinari:

Cléa Morais

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