Mais uma vez, temos a satisfação de publicar em nosso blog, uma crônica de Bruno Coriolano. Esta, nos foi enviada de surpresa e, pelo conteúdo divertido, é uma delícia dedicar alguns minutinhos para sua leitura porém, pela importância da mensagem, é indicado dedicar mais tempo para refletir seriamente nas palavras bem humoradas e inteligentes com as quais o escritor alerta os políticos e nós, eleitores poderosos mas, as vezes, inconsequentes nas escolhas. Então, que a veracidade das palavras de Bruno seja, como ele sugere, cortante como a lâmina bem afiada e nos atravesse a sensatez na hora de confirmar, com apenas um clique, o que vai ecoar por quatro anos. E vide-bula: Listar comportamentos e discursos é algo que parece inútil, na verdade, assim ele o é: demasiado inútil. Não dá para falar de assuntos tão complexos como se existisse uma fórmula mágica. Ao longo dos anos, aprendemos por meio da experiência que muita coisa muda, mas sempre deixando vestígios. Por outro lado, existem acontecimentos que mais parecem congelados no tempo.
Não é nada incomum nos depararmos com momentos de repetição, são dobras temporais que nos levam a lugar algum e nos arremessam de volta ao mesmo canto que estávamos há alguns meses, semanas, dias, horas...
Temos a impressão de repetição ao longo da vida. “Já vi aquilo em algum lugar!”, você afirma. Bem, na maioria das vezes isso deve ter alguma explicação. Mas para ser bem sincero, acredito que essa é uma formula fracassada em se tratando de política.
São comuns os comportamentos insolentes e hipócritas manifestados pelos ditos políticos. Existem diversos tipos deles espalhados por ai.
A saber, tem aquele que só aparece a cada pleito e diz que estava com saudades da cidade e do povo e que vai voltar para cumprir o que está prestes a prometer. Tem o pop-star, aquele que é metido a galã de novela e vive da imagem. Tem o que já tem seu discurso pronto na ponta da língua: “meu povo, eu vou trabalhar pela educação, saúde, mais segurança etc, etc e etc”. Ainda tem aquele que alega tudo que fez cuspindo no povo e mordendo a prótese dentaria: “quando eu era isso eu fiz aquilo”. Pegando o embalo do anterior, ainda tem o vidente, aquele que vai adivinhar o futuro das pessoas: “vou fazer isso e aquilo para você, você e você”. Lembram daqueles que gastaram tanto dinheiro na campanha que quando estão em um palanque te comovem tanto que você pensa até em fazer doações? “votem em mim, pelo amor de Deus. Eu sou um pai (mãe) de família...” Ora, quantos de nós não somos? Tem também o político que se declara o super herói: “vou salvar você e sua família”. Tem o político das causas impossíveis: “vou mandar encanar todinho em todas as casas do estado e fazer uma ponte onde vou ligar o estado ao céu, assim poderemos falar com Deus de forma mais fácil”. Tem o político analfabeto: “essa ponte foi fazída por eu” (ele é interrompido por um babão que diz) que o certo seria ‘feita’ e não ‘fazída’, o animal ainda complementa: “feita ou fazída, a palavra já ta dizída”. Bem, o leitor mais atento já deve ter percebido que não dispomos de muito tempo, então, vamos ao que interessa.
Seguem ai algumas dicas para os políticos de primeira viagem.
1. Cuidado com as armadilhas e privações da auto-definição. Dizer que pertence a tal grupo e que vai trabalhar por isso ou aquilo pode ser prejudicial a sua saúde política.
2. Não fazer promessas que não podem ser cumpridas. Hoje em dia, o povo está mais letrado. Tem universidade em toda esquina, isso não implica dizer que o mesmo está mais inteligente, mas nas ditas instituições, os professores, que não tem mais o que fazer e vão dá aulas, normalmente são capazes de movimentar montanhas com suas ideologias e opiniões.
3. Cuidado com o uso abusivo de propagandas. Elas podem ter efeitos contrários. Hoje mesmo, esse pobre rabiscador que vos escreve, estava tentando terminar um artigo, mas não conseguiu terminar de ler um livro porque colocaram um daqueles carros de som horrorosos em frente ao apartamento onde ele se esconde: resultado, eu já não ia votar na pessoa, agora que não vou mais. Fiquei de saco-cheio de ouvir uma música que se repetiu exatamente 158 vezes, uma tarde inteira de sábado. Isso se chama poluição sonora.
4. Cuidado com a exposição abusiva em comunidades virtuais. Engraçadas podem até ser, mas elas criam apenas a ilusão de intimidade e um simulacro de comunicação.
5. Lembre-se que na política “é melhor ser temido do que amado”. Não adianta tentar agradar à todos. O segredo é bem simples: agrade aos mais fracos intelectualmente, eles são maioria e nas eleições ganham aqueles que obtêm mais votos. Por mais duro que o eleitor se faça, no final ele é humano e vai acabar votando por interesse. “somos livres para nos tornar qualquer coisa que desejamos ser, mas o povo prefere ater-se à condição em que nasceu e foi ensinado a permanecer”.
Sei que algumas dessas palavras entraram como lamina bem afiada nos olhos de quem leu até aqui. Não sou eu quem dita as regras do jogo da vida. Apenas a verdade nua e crua dói em quem está acostumado a viver no país das maravilhas ou vive de ensaios sobre a cegueira. “E como sou aplicado o bastante para me sentir atraído pela enunciação da verdade, mesmo que o mundo venha a baixo; e sou animal político o bastante para reconhecer que há lugares em que a verdade prejudica mais do que ajuda”. Você pode até nem ter gostado dessa crônica, é um direito seu, mas que perder tempo escrevendo-a foi divertido, ah, isso foi! Se gostaram, votem em mim “eu vou fazer isso, aquilo, pelo amor de Deus, votem em mim, vou apertar nas mãos de todos vocês, blablablá...”
BRUNO CORIOLANO DE ALMEIDA COSTA
Licenciatura em Letras - Língua Inglesa e suas respectivas literaturas.
Especialista em língua Inglesa. Professor de inglês do IFRN & SENAC.
Email: brunocoriolano@zipmail.com.br
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